A delicadeza sobre a qual se mantinha em cima daquelas sapatilhas de bailarina dava a ela um ar ainda mais belo de sua beleza natural. Sua roupa feito can can, deixava-a como uma figura infantil, que fazia par com seus dois coques no topo de sua cabeça ruiva. E lá estava eu, fugindo mais uma vez de minhas aulas chatas de literatura, para sentar no canto escuro do teatro gigante, apenas para observá-la. Era incrível como ela me parecia fascinantes todos os dias. Apenas ela parecia ter o dom de saltitar e ao mesmo tempo flutuar. - Bailarina, dona dos meus bons pensamentos. Um dia irei conquistá-la. – Sussurrei essas palavras como se a mesma pudesse me ouvir. Em vão. Mas, eu sabia, eu sabia que não era possível. - Ei, tu aí. O que estás a fazer aqui? Não tens aulas há esta hora? - Meus pensamentos foram interrompidos por aquela voz grossa do brutamonte que era o inspetor de alunos. – Merda! Merda! Mil vezes merda! – Pensei em agir rápido, talvez correr o mais que pudesse. Mas, a única coisa que estava a minha frente era o palco, era a Bailarina. Corri, pulando cadeiras, e degraus de escadas, e quando me dei conta a luz forte acima do palco me inundava de presença. Engoli a seco. – Merda! – E perdi o ar, perdi o ar completamente quando seus olhos cruzaram os meus. Ela pareceu sorrir, apertei os olhos para ver se enxergava bem. Será que achava graça em me ver fugir do inspetor? – Venha. – Ela estendeu uma de suas mãos, para que eu a pudesse segurar. – Sr. Carlos, oras, está a invadir um ensaio teatral. Esta doce pessoa à minha frente está a ensaiar comigo uma cena. – Visivelmente embaraçado o inspetor arqueou suas sobrancelhas, e deu de costas. E assim novamente os olhos da doce Bailarina encontraram os meus. – Eu não sei exactamente o que estás a fazer, mas... – Interrompi sua fala, dando um pequeno passo a sua direção. – Desculpa-me. Não queria interromper-te. Já vou embora.. – Dei de costas esperando que ela pudesse me intervir. – Não te incomodes. Aparece quando quiseres.. – Abri um leve sorriso podendo agora soltar o ar. O contato foi momentâneo, mas o mais importante estava feito, eu agora estava visível em seu campo de visão, não que ela nunca tivesse me visto, mas agora abria um sorriso a cada vez que me encontrava, possivelmente lembrando-se do fatídico dia no teatro. A missão estava cumprida. Voltei no dia seguinte, e no outro, e no outro, e no outro...
Agradecimentos a amiga de Portugal.
4 comentários:
Gostei, mais uma vez, do que escreveste o que já não é nenhuma novidade. Até porque a tua maneira de escrever e construir histórias é óptima e eu aprecio muito isso. Estás de parabéns por esta "mini" história, continua a escrever porque estás a ir muito bem. :3
Beijos de Portugal :)
Adorei a história, amorzão. Mesmo sabendo de onde surgiu toda essa idéia da bailarina e morrer de ciuminho - sim, mesmo sabendo que ela é uma artista e vocês NUNCA vão se conhecer, assim eu espero. HAHAHA -
Sucesso SEMPRE pra você e aqui pro blg, meu amor... Você merece.
Eu te amo.
M²
Excelente seu blog.
Textos lindos!
Gostei muito.
Bjs
meu sonho é ser bailarina
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