quarta-feira, abril 15, 2009


Miragem?

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Eu estava sentada sobre a calçada, quando a vi dobrar a esquina. Aquela mochila pendurada em suas costas, seu calçado crocks branco, seus cabelos loiros, que voavam ao vento da noite, eram reconhecidos de longe. Arqueei minhas sobrancelhas, não acreditando que ela estava em minha rua, se aproximando. Seria uma miragem? Balancei minha cabeça, fechando e abrindo os olhos rapidamente, não acreditando ser possível. Ela se sentou ao meu lado, dobrou suas pernas, e deu um riso. - Menina do rabo de cavalo. - Parecia até irônia ela me chamar daquela forma, já que eu a chamava de 'menina do ponto de ônibus'. - O que você faz por aqui? - Perguntei a ela, tentando entender. - Eu vim conversar contigo. - Continuei fitando seu rosto, esperando que ela continuasse a falar. - Qual seu nome? - Abri um sorriso, um sorriso bobo. - Karine. Presumo que o seu seja...Camila. - Soltei um riso, sabendo que ela concordaria. - O que vocês faziam ontem? Na rua? Quando sua amiga veio até mim. - Engoli a seco, tentando pensar na mentira que nós havíamos contado para ela. - Err...esperávamos...é...uma amiga. E aconteceu aquela aposta. - Abri um sorriso tímido, tímido por não ter dito tão naturalmente, e com medo do que ela púdesse pensar sobre. - Hum... - Ela abriu um sorriso, que por alguns minutos me hipnotizou.

Estávamos sentadas sobre o sofá de minha casa. Ela segurava uma de minhas mãos, enquanto que com o polegar me fazia carinho. - Ela me deixou. Eu não entendo o porque. - Fiquei surpresa com esse comentário, tão repentino. De repente, estávamos tão amigas, tão próximas, que fiquei sem muito entender. Só sabia de algo, eu estava feliz. Fixei meu olhar em seus olhos, comprimindo minhas sobrancelhas sem entender. - Quem te deixou? - Perguntei. - Eu estava namorando, até alguns dias atrás, e ela me deixou. - Meu olhar de surpresa, deve tê-la assustado de alguma forma, pois ela soltou minha mão, e desviou o olhar para o chão. - Não fique assim. Eu entendo como seja isso. Mas, nada que o tempo não cure. Vai ficar tudo bem. - Com um impulso, eu a abracei, e ficamos ali por alguns instantes. Queria que o momento se eternizasse. Era tão bom estar daquela forma com ela. Será que ela sabia de minhas intenções? Por um instante, senti uma vontade imensa de gritar ao mundo; 'Eu quero vocêêê!'. 

Meu pescoço doía, desviei o olhar pela sala, minhas mãos que estavam embaixo de minha cabeça formigavam, e eu despertava de um sonho.  




[Nomes modificados]
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